O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cogitar a divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública após os ataques a ônibus na noite de segunda-feira (23) no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo ministro- da Casa Civil, Rui Costa.
Lula já defendia a possibilidade de divisão desde a campanha eleitoral, mas sofre forte resistência do ministro Flávio Dino. Entretanto, a possibilidade ganhou força nas últimas horas, mas o petista admitiu não ter um plano traçado para a pasta.
"Quando fiz a campanha, eu ia criar o Ministério da Segurança Pública. Ainda estou pensando em criar, pensando quais são as condições que você vai criar, como é que vai interagir com os estados. Porque o problema da segurança é estadual. O que nós queremos é compartilhar com os estados as soluções dos problemas", disse Lula no podcast "Conversa com o Presidente".
Aos jornalistas, Rui Costa admitiu as discussões nos bastidores, mas disse que qualquer acordo só será tomado após apoio de todas as partes.
"Nós estamos discutindo outras medidas e as que ficarem definidas nos próximos dias serão divulgadas. A criação do ministério depende dessas discussões que nós faremos, sobre, eventualmente, qual seria o conteúdo, a proposta, o alcance, para o presidente tomar a decisão", declarou.
Tensão no Rio de Janeiro
Na segunda, ao menos 35 ônibus e 1 trem foram incendiados no Rio de Janeiro (RJ), causando o bloqueio da Avenida Brasil, a principal via expressa da cidade. Dos ônibus queimados, 20 pertencem à operação municipal, cinco do BRT e o restante de frotas de turismo e fretamento.
Os veículos foram queimados pela milícia, como forma de protesto à morte do sobrinho do miliciano Zinho, Matheus Rezende, de 24 anos, conhecido como Teteu e Faustão.
Ele foi morto na tarde de segunda-feira (23), em uma operação da Polícia Civil na comunidade de Três Pontes. Em setembro, Zinho e mais cinco suspeitos foram denunciados pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho.
As aulas foram suspensas nas escolas públicas da região. Em algumas, alunos e professores que estavam nos colégios permaneceram para se manterem em segurança.
Nas últimas horas, o governo federal autorizou o envio da Força Nacional ao Rio de Janeiro. Entretanto, o Planalto descarta a possibilidade de intervenção federal no estado.