O assessor internacional de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, anunciou nesta segunda-feira (20) que o presidente brasileiro não deve comparecer à posse de Javier Milei na presidência da Argentina, marcada para o dia 10 de dezembro.
"Acho que o presidente Lula, pelo que eu conheço dele, que haja sido objeto de ofensas pessoais, é muito difícil ele ir. Independentemente de outros convites que o presidente eleito Milei tenha feito, eu acho que ele não deve ir", declarou Amorim em entrevista à GloboNews.
Apesar das divergências ideológicas entre os dois líderes, Amorim ressaltou a importância de manter a relação bilateral entre Brasil e Argentina, considerando ambos como os países mais influentes do Mercosul e, mesmo com a decisão do presidente brasileiro de não participar pessoalmente da posse de Milei, a manutenção das relações entre os dois países é essencial.
Em vez da presença do presidente brasileiro, Amorim sugeriu que um representante da União seja enviado à cerimônia, simbolizando o compromisso contínuo com a parceria estratégica entre as nações.
Milei, desde o início de sua campanha presidencial, tem apresentado propostas radicais, incluindo a dolarização da economia argentina e o encerramento do Banco Central do país. Essas medidas drásticas levantam questionamentos sobre o futuro das negociações econômicas e comerciais entre os dois países.
Além disso, o presidente eleito argentino demonstrou desinteresse em fortalecer as negociações com os países do Brics, bloco do qual a Argentina passará a fazer parte em janeiro, e com o Mercosul.
"A principal prejudicada seria a Argentina, mas isso é uma opinião minha. A Argentina é um país soberano e fará o que ela achar que deve. Agora, vamos lamentar muito, porque isso afetará a estratégia. O Brasil terá que redefinir um pouco sua estratégia na região, mas volto a dizer, eu acho que a principal prejudicada seria a Argentina e eu acho que os empresários argentinos certamente se colocarão contra as hipóteses", opinou Amorim.
Apesar das diferenças ideológicas entre Lula e Milei, Celso Amorim enfatiza que essas discordâncias não devem afetar as negociações entre Brasil e Argentina.
"Do nosso lado não tem a menor dúvida, haverá pragmatismo. O pragmatismo não quer dizer que você tenha que aceitar ofensas, que você tenha que aceitar ameaças. Isso é uma outra coisa", concluiu.