Escândalo

ONG denuncia Silvio Almeida por assédio; ministro nega e pede investigação

Entre as vítimas, estaria Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial; 14 pessoas corroboram com as acusações.

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O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida - Foto: Filipe Araújo/MINC

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi denunciado à organização Me Too Brasil por supostos casos de assédio sexual contra mulheres. A organização, que acolhe vítimas de violência sexual, confirmou à coluna de Guilherme Amado, do site Metrópoles , na quinta-feira (5), que foi procurada por mulheres relatando os supostos episódios de assédio envolvendo o ministro .

A coluna contatou o Me Too Brasil após também receber denúncias sobre a suposta prática de assédio por Almeida, incluindo relatos de conduta inadequada com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. No entanto, Anielle não quis comentar sobre os relatos.

Segundo o Me Too, as mulheres que denunciaram Silvio Almeida solicitaram que seus nomes fossem mantidos em sigilo. Questionado se Anielle Franco estaria entre as denunciantes, o Me Too Brasil afirmou que não poderia confirmar para evitar expor supostas vítimas.

A coluna conversou com 14 pessoas, entre ministros, assessores do governo e amigos de Anielle, para entender os detalhes dos supostos episódios de assédio.

Entre as acusações, estão relatos de toques nas pernas da ministra, beijos inapropriados ao cumprimentá-la e expressões de cunho sexual proferidas por Silvio Almeida no ano passado.

A situação é de conhecimento de diversos ministros do governo. A coluna de Amado procurou tanto Anielle Franco quanto Silvio Almeida, mas nenhum dos dois quis se pronunciar.

O Me Too Brasil, por sua vez, reforçou que não compartilha informações de vítimas sem o consentimento delas, nem da equipe técnica responsável pelo atendimento.

Resposta de Silvio Almeida

Em nota à imprensa publicada na noite desta quinta-feira, Silvio Almeida repudiou as alegações, afirmando que as denúncias são "infundadas" e têm o objetivo de prejudicar sua reputação.

No comunicado, o ministro pediu para que qualquer denúncia seja investigada com base em "fatos concretos", e não em "ilações absurdas". Ele também informou que irá encaminhar ofícios para a Controladoria-Geral da União, Ministério da Justiça e Segurança Pública, além da Procuradoria-Geral da República, solicitando uma apuração rigorosa do caso.

O texto segue na íntegra, abaixo:

"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.

Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.

Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.

As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram "denunciação caluniosa". Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.

Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício ".

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