
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã da última quinta-feira (8), o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que o governo federal não poupará esforços para responsabilizar criminal e financeiramente os envolvidos no escândalo de fraude bilionária contra aposentados e pensionistas da Previdência Social. A operação de desvio, segundo o ministro, se configura como um dos maiores ataques já perpetrados contra o sistema previdenciário do país e tem origem em uma "engenharia criminosa" articulada ainda no governo anterior.
"Responsabilização das entidades, dos seus dirigentes e de toda cadeia criminosa que se utilizou da estrutura da Previdência Social para praticar crimes é a nossa prioridade", declarou Messias.
Ele disse que a orientação do presidente Lula é clara: "Doa a quem doer. Não ficará pedra sobre pedra neste processo."
O ministro classificou o esquema como "perverso" e "cruel", destacando que os criminosos atacaram justamente a população mais vulnerável. "Tiraram de quem menos tem aquilo que ele mais precisa, que é seu instrumento de sustento", afirmou.
Assistência à acusação e recuperação de ativos
A AGU anunciou que ingressará como assistente de acusação nos processos criminais conduzidos pelo Ministério Público Federal, em articulação com o INSS. O objetivo é reforçar a responsabilização dos envolvidos e recuperar os valores desviados. Messias informou ainda que as primeiras medidas de ressarcimento às vítimas serão custeadas com ativos recuperados da fraude. Se houver necessidade de aporte da União, garantiu, haverá posterior ação de regresso contra os responsáveis.
"Não mediremos esforços para responsabilizar essas pessoas. Nós não admitiremos nenhum tipo de impunidade", afirmou.
Críticas ao governo Bolsonaro
Messias foi enfático ao responsabilizar o governo anterior pelo cenário que possibilitou a fraude. Ele acusou a gestão de Jair Bolsonaro de desmontar a estrutura do INSS e de tentar vender a Dataprev — empresa pública responsável pelo suporte tecnológico à Previdência.
"A Dataprev foi incluída na lista de desestatização e estava sendo desmontada. Assim que o presidente Lula assumiu, retirou a empresa dessa lista porque ela é essencial para garantir a segurança dos dados previdenciários", disse o ministro. Ele também criticou parlamentares ligados ao governo anterior que, segundo ele, tentam politizar a crise sem explicar por que medidas de controle e investigação não foram adotadas à época.
"Eu quero que os apoiadores deste governo venham a público e se expliquem. Nós queremos que a sociedade saiba exatamente tudo o que aconteceu, por que aconteceu e quais são os interesses envolvidos neste esquema criminoso", reforçou Messias.
Transparência e apuração
Por fim, o chefe da AGU disse que o governo atual está comprometido com a transparência e com a divulgação de todas as informações relacionadas ao escândalo. Ele defendeu a reconstituição da linha do tempo dos eventos e cobrou explicações públicas de ex-autoridades envolvidas no setor.