"Criamos o Pix, tirando dinheiro de banqueiros, fazendo com que a população pudesse se transformar, muitos, em pequenos empresários", disse o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na segunda-feira (22/08).
Primeiro dos quatro candidatos à Presidência que foi entrevistado pelo jornal de maior audiência nacional, o Jornal Nacional, Bolsonaro aproveitou a audiência de milhões de brasileiros para repetir duas informações que têm sido contestadas. Uma é a de que seu governo seria o responsável pelo novo meio de pagamento gratuito e instantâneo, que já registrou mais de R$ 10 trilhões em transações desde o início da sua operação, em novembro de 2020. E outra é a de que o Pix teria causado grandes prejuízos aos bancos.
Essa última já foi desmentida até pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
"Quero já dizer que não é verdade que os bancos perdem dinheiro como Pix, inclusive a gente deve em algum momento soltar algum tipo de estudo mostrando isso" disse Campos Neto, há algumas semanas, em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Assista o vídeo:
Segundo levantamentos de 2022, os bancos tiveram lucro recorde em 2021, sendo o maior desde 2006.
Como explicado em diversas reportagens de 2021, os bancos deixaram de ganhar bilhões em taxas de TEDs e DOCs com a implantação do PIX. No entanto, as instituições encontraram outras formas de ganhar dinheiro com a nova plataforma, o que ajudou a alavancar o lucro do setor.
O Governo Bolsonaro criou o PIX?
Um documento oficial do Banco Central, emitido no dia 23 de agosto, desmente que o governo Bolsonaro seria o responsável pelo Pix. Foi em maio de 2018, ainda no governo de Michel Temer, que a portaria 97.909 do BC instituiu um grupo de trabalho com objetivo de "contribuir para a construção de um ecossistema de pagamentos instantâneos competitivo, eficiente, seguro e inclusivo".
Segundo servidores do Banco Central, foi a partir dessa iniciativa que o Pix continuou sendo desenvolvido pelo corpo técnico do BC no atual governo, independentemente do envolvimento de Bolsonaro.
O presidente, inclusive, manifestou desconhecer o novo meio de pagamento quando foi parabenizado por um apoiador na saída do Palácio da Alvorada, sua residência oficial, em outubro de 2020, pouco antes do início do seu funcionamento.
Na ocasião, Bolsonaro se confundiu e achou que se tratava de algo relacionado à desburocratização na aviação civil. Ao ouvir a explicação do apoiador de que o Pix era um novo meio de pagamento criado pelo Banco Central, respondeu: "Não tomei conhecimento, vou conversar essa semana com o (presidente do BC) Roberto Campos". Assista o vídeo: