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A VEJA teve acesso às mensagens do senador Marcos do Val que revelam plano de Bolsonaro para impedir que Lula assumisse à presidência

A ideia do ex-presidente era que Marcos do Val gravasse o ministro Alexandre de Moraes. O objetivo era anular as eleições.

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Marcos do Val diz que recebeu proposta golpista de Daniel Silveira, ao lado de Bolsonaro - Foto: Reprodução

O jornalista Leonardo Caldas, da VEJA teve acesso a um conjunto de mensagens que revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava envolvido em um plano que tinha como objetivo anular as eleições, impedir a posse de Lula e se manter no Planalto.

Faltavam 21 dias para terminar o governo e Bolsonaro ainda não havia reconhecido o resultado da eleição. Deprimido, repetia a todo instante que o processo havia sido fraudado e que era preciso mostrar isso de maneira clara ao país. Com o apoio de um grupo muito restrito, foi elaborado então o seguinte plano: alguém de confiança do presidente se aproximaria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo. Esse seria o estopim que desencadearia uma série de medidas que provavelmente atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização. Na reunião do Alvorada, Bolsonaro descreveu os detalhes dessa operação. Estavam presentes, além dele, dois parlamentares aliados: o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Uma das mensagens obtidas por VEJA foi enviada por Marcos do Val a Alexandre de Moraes no dia 12 de dezembro, às 20h56, três dias depois da reunião no Palácio da Alvorada. Nela, o congressista pede para falar pessoalmente com o magistrado, diante da gravidade do que havia tomado conhecimento.

2 dias antes desse encontro do dia 9, Marcos do Val teria sido abordado pelo então deputado Daniel Silveira no Congresso. Silveira teria dito que Bolsonaro precisava falar urgente com o senador e ligou para o então-presidente. No telefone, Bolsonaro teria chamado Marcos para o Palácio.

Daniel Silveira também fez questão de pedir para que se fale por códigos sobre a reunião e mandou o seguinte áudio: "Vou te mandar a minha localização, mas tu não entra não, no Alvorada. E nem chega perto da entrada. Tu não vai aparecer. Tu vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização. Eu vou estar ali. O carro vai vir buscar a gente".

Na reunião, Daniel Silveira teria pedido a Bolsonaro para "apresentar o plano que salvaria o Brasil": gravar Alexandre de Moraes. Jair Bolsonaro teria afirmado que já estava tudo esquematizado com o GSI e a ABIN e apenas 5 pessoas saberiam do plano, incluindo os 3.

Marcos do Val teria afirmado que iria pensar sobre o assunto e Daniel Silveira passou os próximos dias enviando mensagens ao senador tentando convencê-lo de que o plano era seguro, pois envolveria alguém "5 estrelas".

A reunião entre Marcos do Val e Alexandre de Moraes aconteceu no dia 14. O senador não respondeu nenhuma mensagem de Daniel Silveira nesse período e teria relatado tudo ao ministro do STF, no intervalo da sessão daquele dia.

"Não acredito", teria dito Moraes.

À noite daquele dia 14, Marcos do Val teria finalmente respondido Daniel Silveira: "Irmão, vou declinar da missão".

A resposta de Daniel Silveira foi: "Entendo, obrigado".

Para mais detalhes, acesse aqui.

Renúncia do senador Marcos do Val (Podemos-ES)

O senador Marcos Do Val, (Podemos-ES), publicou em sua conta do Instagram, nesta quinta-feira, 2, um comunicado dizendo que vai apresentar sua renúncia nos próximos dias e sairá definitivamente da política. Ele foi eleito senador pelo Estado do Espírito Santo nas eleições de 2018.

Em seu mandato, o senador ocupou cargos na Mesa Diretora do Senado, como 1º suplente de secretário, e também em comissões permanente, sendo vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Marcos do Val, que foi eleito senador em 2018, anunciou nesta quinta-feira, 2, que renunciará ao mandato. Foto: Reprodução
Horas antes de divulgar o comunicado em que comunicou que entregaria seu pedido de renúncia nos próximos dias, o senador participou de uma live nas redes sociais, na qual afirmou ter sofrido coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para apoiar um golpe de Estado. Na live, o senador não especificou quando e onde este pedido foi feito. Ele também disse ter denunciado o caso.

"Eu ficava p... quando me chamavam de bolsonarista. "Ah, o senador bolsonarista e tal". Vocês esperem. Eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja, a tentativa do Bolsonaro, que me coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei", disse o senador.

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