O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que "não pensa duas vezes" em defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) .
"Avaliando Lula, avaliando Bolsonaro, eu não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula", disse Dallagnol em entrevista ao Roda Vida na noite de segunda-feira (29).
"Eu não concordo com tudo o que Bolsonaro fez, mas dentro dessas opções, claramente eu apoiei Bolsonaro. [...] Viajei o Paraná defendendo voto contra Lula".
Ele ainda criticou o encontro de Lula com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , dizendo que Bolsonaro não se encontrou com ditadores. No entanto, o ex-presidente já se reuniu com o príncipe saudita Mohammad bin Salman, herdeiro de um regime que viola os direitos humanos.
Cassação
Dallagnol também falou sobre a cassação do mandato durante o Roda Viva. Segundo ele, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral o cassaram "por interesse" e "vingança".
"Um ministro chega ao tribunal superior não só porque é indicado pelo presidente, mas porque é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. [...] Essas pessoas querem vingança, O sistema quer vingança, não se contentou com a impunidade. Você teve um imenso caso de corrupção [Lava Jato], com atores que investigaram e aplicaram a lei. [?] Eles reagiram. Mudaram a lei e as regras do jogo", afirmou o ex-procurador da Lava-Jato.
O deputado cassado disse que "inventaram uma lei" para cassá-lo, e que há problemáticas na decisão unânime do TSE.
"Quem analisou essa decisão disse que a unanimidade foi artificial. Temos um artigo de um colunista do O Globo, Merval Pereira, que disse ter uma concatenação dos votos. Que o ministro Alexandre de Moraes teria buscado construir uma unanimidade dentro do TSE para me cassar. Vários editoriais e juristas estão criticando essa decisão como equivocada, absurda e fora da lei", disse Dallagnol.
Por unanimidade, o TSE votou por cassar o mandato de Deltan Dallagnol no dia 16 de maio.
Uma ação apresentada a Corte pela Coligação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e pelo PMN questionou o registro de Deltan para concorrer como deputado. Os motivos foram:
Condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos em passagens e diárias de outros procuradores da Operação Lava Jato
Dallagnol teria pedido exoneração enquanto era procurador por ser alvo de 15 procedimentos administrativos que poderiam culminar em demissão, aposentadoria ou compulsória.
Para os partidos, ao tentar deixar o cargo antes do resultado dos procedimentos, ele quis burlar a Lei de Inelegibilidade e a Lei da Ficha Limpa. Agora, ele tem até o dia 31 de maio para apresentar defesa.