As falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro e os comentários sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia foram alvos de críticas da Human Rights Watch (HRW), uma ONG internacional referência em direitos humanos.
Segundo a entidade, Lula tem posições inconsistentes e contraditórias.
"Lula, nesses primeiros meses, deu algumas sinalizações contraditórias e muitas não consistentes com os valores dos direitos humanos", disse Maria Laura Canineu, diretora da HRW em entrevista a Agência Lusa, de Lisboa (Portugal).
A visita de Nicolás Maduro ao Brasil foi mencionado pela diretora. Na ocasião, Lula chamou a política do país vizinho de "democracia" e mandou indiretas para o deputado Juan Guaidó, que tentou derrubar Maduro nos últimos anos.
No entanto, Maduro é conhecido como um ditador na Venezuela, país que vive enorme crise financeira há dez anos.
"Lula chamou de narrativa construída as acusações de que a Venezuela não vive uma democracia. [Há] violações muito graves na Venezuela, há muito tempo, ameaças muito fortes à democracia, um executivo que dominou o judiciário, dominou o legislativo para suprimir o acesso à justiça e acesso aos direitos fundamentais da população venezuelana", afirmou a diretora.
Durante visita aos Emirados Árabes e a Portugal, o presidente Lula deu várias declarações repetindo que a Ucrânia também era culpada pelo conflito. Após uma repercussão internacional negativa, o petista passou a dizer que quer 'construir a paz'.
Segundo a diretora da ONG , as declarações de Lula sobre a guerra são "muito complicadas".
"[Se Lula] quer construir a paz, negociar a paz, ele precisa primeiro começar a apoiar essas iniciativas da ONU de apurar responsabilidades sobre o que está acontecendo no conflito", afirmou a diretora.
Segundo Maria Laura, Lula "talvez não esteja preparado" para ter posições consistentes sobre direitos humanos, "independente do viés ideológico do Governo".