O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança (GSI), depõe nesta quinta-feira (31) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8 de janeiro , registrados em Brasília.
O ex-comandante do GSI afirmou, em sua explanação inicial, que o consórcio de ações das forças policiais do Distrito Federal foi falha e ineficaz na execução do protocolo de ação integrada elaborado para aquele dia.
Ele apontou também que o esquema de segurança montado pela Polícia Militar de Brasília, que era responsável por conter os invasores, não funcionou devido a uma ação deliberada do efetivo, cujo comando foi preso por associação aos golpistas.
"Faria diferente"
G. Dias disse que recebeu informações divergentes de pessoas que trabalhavam com ele no planejamento da segurança "na manhã no dia 8 de janeiro", declarou, alegando que hoje, "olhando para trás, algumas decisões seriam tomadas de forma diferente", com reações mais severas do que as que efetivamente adotou, se tivesse informações precisas.
O ex-GSI lamentou o ocorrido no dia 8 de janeiro, e comemorou ter conseguido agir para contornar a situação "sem derramamento de sangue nem do nosso lado, nem dos vândalos".
Relatório da Abin
Principal alvo da oposição bolsonarista da comissão, G. Dias, como ele é mais conhecido, foi indicado e posteriormente demitido pelo presidente Lula (PT) em abril, após a revelação de imagens de câmeras de segurança em que ele apareceu com uma postura aparentemente passiva ao lado dos vândalos no dia dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes.
Um dos principais questionamentos dos parlamentares é o motivo pelo qual o ex-GSI não deu ordem de prisão aos vândalos que estavam dentro do Palácio do Planalto.
Os senadores - especialmente da oposição - citaram no requerimento pelo depoimento de G. Dias, a ordem que teria partido do depoente para a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adulterar alertas enviados a ele sobre a ameaça dos ataques, no relatório que foi entregue ao Congresso Nacional.
O ex-GSI, contudo, negou essa informação revelada pelo jornal Folha de S. Paulo durante sua manifestação. Durante o depoimento, o advogado de G. Dias quis tomar a palavra e discutiu com o presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil - BA), que ficou irritado não somente com a postura do defensor, como com comentários feitos por parlamentares presentes à sessão, alegando que da próxima vez, acionaria a Polícia Legislativa.
Ao final de sua fala inicial, Dias afirmou estar "à disposição desta comissão, dentro dos limites dos habeas corpus que me foram concedidos ", declarou o general.