JUSTIÇA

Moraes homologa delação premiada e manda soltar Mauro Cid

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso desde maio e terá que usar tornolezeira eletrônica.

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O tenente-coronel Mauro Cid - Foto: Geraldo Magela

Um dos principais auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos quatro anos de governo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal homologado neste sábado (09) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, será solto, mas obrigado a usar tornozeleira eletrônica, segundo O GLOBO.

A decisão do ministro, na prática, representa o aval da Justiça para que o tenente-coronel colabore com investigações que envolvem ele e o ex-mandatário do Palácio do Planalto em troca de benefícios, como redução ou perdão judicial em caso de condenação.

Cid está preso desde o dia 3 de maio e é alvo de suspeitas que envolvem fraude em cartões de vacinação, venda irregular de presentes dados ao governo brasileiro e tramas para um possível golpe de estado no país. Como revelou o blog da jornalista Andréia Sadi, do g1, a proposta de delação apresentada pela defesa do militar envolve os três temas.

A homologação do acordo é considerada uma das fases mais importantes das tratativas de colaboração premiada, uma vez que confirma a validade dos termos apresentados pelo colaborador, assim como a sua intenção de colaborar "de livre e espontânea vontade". Agora, ele deverá entregar aos investigadores elementos que ajudem a comprovar o que ele vai dizer aos investigadores.

Segundo a colunista Bela Megale, do GLOBO, a delação deverá implicar diretamente Bolsonaro. Em posse do celular do ex-ajudante de ordens, a PF só aceitou seguir com a negociação de um acordo se Cid relatar todos os fatos que pesam sobre o ex-presidente, indicando a participação de outros envolvidos. Ou seja, o acordo não se limita a apenas confessar seus crimes, mas a apontar o papel de todos os envolvidos, entre eles, o ex-presidente.

A delação de Cid pode também ajudar a PF a esclarecer outros casos. A avaliação entre investigadores é que o ex-ajudante de ordens, pela função que exercia, é um personagem que se conecta a vários outros episódios envolvendo Bolsonaro. Um exemplo é a reunião no Palácio da Alvorada em que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse ter ouvido do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) um plano para gravar Moraes. Na versão do parlamentar, o então presidente estava presente, mas não disse nada.

A investigação mais avançada é a que trata da venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante sua passagem pela Presidência. A PF identificou que Cid, com participação do seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, vendeu dois relógios recebidos pelo ex-presidente de outros chefes de estado.

Cid está preso desde maio, entretanto, em razão de outro inquérito, que apura uma suposta fraude em cartão de vacina. Segundo a investigação, o então ajudante de ordens da Presidência teria atuado para fraudar certificados de vacinação para si próprio e para seus familiares antes de uma viagem aos Estados Unidos. Os dados de Bolsonaro, assim como o de sua filha, Laura Bolsonaro, também teriam sido fraudados por orientação do então ajudante de ordens.

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