O ex-presidente Jair Bolsonaro discursou por 24 minutos em cima do trio elétrico na Avenida Paulista e, prudente, não tocou nas três letras que poderiam lhe causar uma enorme dor de cabeça: STF.
Como investigado em um inquérito que corre no Supremo, o ex-presidente foi aconselhado por seus advogados a moderar o tom de sua fala.
Embora seja tido como impulsivo e imprevisível, Bolsonaro sabe quando não deve ultrapassar determinadas barreiras. Foi o que fez na Paulista.
Falou dos "feitos" do seu governo. Falou de "liberdade". Falou de perseguição — mas inteligentemente não disse quem o perseguia. E também negou a intenção de dar um golpe de estado. Um roteiro que não deixa margem para qualquer investida do Supremo.
"Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? não", disse.
"É o Parlamento quem decide se o presidente pode ou não editar decreto de estado de sitio. O da defesa é semelhante. Ou seja, agora querem entubar em todos os nós um golpe usando dispositivos da Constituição cuja palavra final quem dá é o parlamento", completou.
Além de negar a conspiração para um golpe de Estado, Bolsonaro fez um apelo ao Congresso por um projeto de anistia aos presos por participação nos atentados de 8 de janeiro de 2023, quando centenas de seus apoiadores invadiram e destruíram os prédios dos Três Poderes, em Brasília.
"Quem por ventura depredou o patrimônio, que nós não concordamos com isso, que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade", afirmou.
