Investigações da Polícia Federal identificaram diversos depósitos em dinheiro vivo de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O militar segue detido desde o último dia 3 de maio suspeito de articular um esquema de fraude em certificados de vacinação durante a pandemia da Covid-19. As informações são do colunista Aguirre Talento, do Uol.
A operação policial trabalha com a suspeita de um possível esquema de desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto durante a gestão do ex-presidente.
Apesar de citada na investigação, a defesa do ex-mandatário e da ex-primeira-dama nega qualquer tipo de irregularidade e afirma que tem "absoluta convicção que todos os pagamentos referentes ao dia a dia da família eram feitos com recursos próprios".
Durante as investigações, a PF encontrou imagens de sete comprovantes de depósitos enviados via WhatApp por Cid às assessoras de Michelle Bolsonaro.
"A análise também identificou seis comprovantes de depósitos para a primeira-dama Michelle Bolsonaro no período de 8/3/2021 até 12/05/2021, realizados por meio de depósitos fracionados em caixas eletrônicos de autoatendimento e um comprovante de depósito em espécie, possivelmente no atendimento presencial. Os comprovantes foram localizados tanto no grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens da Presidência da República, quanto em trocas de mensagens", diz a Polícia Federal.
De acordo com o órgão, os repasses chegam a R$ 8.600,00. A investigação aponta, ainda, que os depósitos de Cid a Michelle usavam um método comum nos casos de rachadinha feitos para dificultar a identificação de irregularidades: eram realizados de maneira fracionada e em valores pequenos.
"Esses depósitos ocorreram predominantemente de forma fracionada, ou seja, o depositante ao invés de utilizar um único envelope com a quantia desejada, fracionou o valor total em dois envelopes distintos, realizando os depósitos de forma sucessiva em curto espaço temporal (minutos)", afirma a investigação.
Pelos depósitos terem sido feitos em dinheiro vivo, a PF ainda não conseguiu descobrir qual a origem dos valores. No entanto, o inquérito apura pagamentos provenientes de desvios de recursos públicos, por exemplo.
Além dos depósitos fracionados às assessoras de Michelle, a Polícia Federal também identificou uma transferência bancária no valor de R$ 5.000,00, em julho de 2021, feita de forma direta de Mauro Cid para ex-primeira-dama.
Após a revelação do caso pela investigação, o ministro do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário do ex-ajudante de Bolsonaro e de outros servidores compunham o quadro que trabalhava na Ajudância de Ordens da Presidência.