Entrevista ao Roda Viva

"Não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula", diz Deltan

Ele ainda falou que foi cassado por "interesse" e "vingança" dos ministros do TSE.

Imagem de destaque da notícia
Ex-deputado Deltan Dallagnol no programa Roda Viva, da TV Cultura - Foto: Reprodução Youtube/Roda Viva

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que "não pensa duas vezes" em defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) .

"Avaliando Lula, avaliando Bolsonaro, eu não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula", disse Dallagnol em entrevista ao Roda Vida na noite de segunda-feira (29).

"Eu não concordo com tudo o que Bolsonaro fez, mas dentro dessas opções, claramente eu apoiei Bolsonaro. [...] Viajei o Paraná defendendo voto contra Lula".

Ele ainda criticou o encontro de Lula com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , dizendo que Bolsonaro não se encontrou com ditadores. No entanto, o ex-presidente já se reuniu com o príncipe saudita Mohammad bin Salman, herdeiro de um regime que viola os direitos humanos.

Cassação

Dallagnol também falou sobre a cassação do mandato durante o Roda Viva. Segundo ele, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral o cassaram "por interesse" e "vingança".

"Um ministro chega ao tribunal superior não só porque é indicado pelo presidente, mas porque é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. [...] Essas pessoas querem vingança, O sistema quer vingança, não se contentou com a impunidade. Você teve um imenso caso de corrupção [Lava Jato], com atores que investigaram e aplicaram a lei. [?] Eles reagiram. Mudaram a lei e as regras do jogo", afirmou o ex-procurador da Lava-Jato.

O deputado cassado disse que "inventaram uma lei" para cassá-lo, e que há problemáticas na decisão unânime do TSE.

"Quem analisou essa decisão disse que a unanimidade foi artificial. Temos um artigo de um colunista do O Globo, Merval Pereira, que disse ter uma concatenação dos votos. Que o ministro Alexandre de Moraes teria buscado construir uma unanimidade dentro do TSE para me cassar. Vários editoriais e juristas estão criticando essa decisão como equivocada, absurda e fora da lei", disse Dallagnol.

Por unanimidade, o TSE votou por cassar o mandato de Deltan Dallagnol no dia 16 de maio.

Uma ação apresentada a Corte pela Coligação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e pelo PMN questionou o registro de Deltan para concorrer como deputado. Os motivos foram:

  • Condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos em passagens e diárias de outros procuradores da Operação Lava Jato

  • Dallagnol teria pedido exoneração enquanto era procurador por ser alvo de 15 procedimentos administrativos que poderiam culminar em demissão, aposentadoria ou compulsória.

Para os partidos, ao tentar deixar o cargo antes do resultado dos procedimentos, ele quis burlar a Lei de Inelegibilidade e a Lei da Ficha Limpa. Agora, ele tem até o dia 31 de maio para apresentar defesa.

Comentários

Leia estas Notícias

Acesse sua conta
ou cadastre-se grátis