Os números da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostram que a desigualdade de renda no Brasil é a menor dos últimos dez anos.
O Índice de Gini, que mede a distribuição dos ganhos pela população numa escala de zero a 1 e, quanto menor, melhor, ficou em 0,518 em 2022, último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. É o menor Gini desde 2012, quando começou a atual série histórica desta pesquisa.
Os números refletem, principalmente, os efeitos do pagamento de benefícios sociais a partir da pandemia do coronavírus. Em 2018, último ano do governo Temer, o Gini era de 0,545. No ano seguinte, ficou praticamente estagnado, em 0,544.
Em 2020, primeiro ano da pandemia, quando foi criado o Auxílio Emergencial, o Gini caiu para 0,524, refletindo também uma perda de renda das famílias de classe média e dos mais ricos diante das quarentenas necessárias para conter o avanço da Covid. Foram pagas ao todo cinco parcelas de R$ 600 de Auxílio Emergencial e outras quatro de R$ 300.
No ano seguinte, quando os valores do Auxílio Emergencial caíram para entre R$ 150 e R$ 375, o Índice de Gini voltou a subir, para 0,544 – exatamente o mesmo de antes da pandemia.
Mas em 2022, quando foi criado o Auxílio Brasil, o Gini caiu com força. Em agosto, às vésperas das eleições presidenciais, o pagamento foi reajustado para R$ 600, patamar que foi mantido por Lula ao retomar o Bolsa Família.
Para medir os impactos dos benefícios sociais, o IBGE calculou qual teria sido o Índice de Gini das famílias brasileiras sem os valores desses programas. Considerando apenas os demais ganhos da família – ou seja, basicamente os rendimentos do trabalho e de aposentadoria, além de outros como aluguel – a desigualdade também teria caído em 2022, porém num ritmo mais lento, para 0,548.