O governo da prefeita Cordélia Torres chega ao seu desfecho marcado por um episódio que traduz a melancolia e o distanciamento que caracterizaram os últimos meses de sua gestão. Aqueles que, com dedicação e lealdade, estiveram ao lado da prefeita desde o início, defendendo e lutando por um projeto que acreditavam ser transformador para a cidade, agora são surpreendidos com demissões em massa antes mesmo do encerramento do ano.
Enquanto isso, os poucos que permanecem em seus cargos são, em grande parte, familiares próximos da prefeita e de pessoas ligadas ao seu esposo, Paulo Dapé. Esse desequilíbrio entre meritocracia e privilégios familiares escancara o desalinhamento entre discurso e prática, provocando um sentimento de frustração e desilusão em quem depositou confiança no projeto político que elegeu Cordélia Torres em 2020.
A demissão de aliados que, muitas vezes, renunciaram a outras oportunidades para se dedicarem ao governo evidencia não apenas a fragilidade das relações construídas ao longo do mandato, mas também a dificuldade em honrar compromissos com aqueles que foram a linha de frente da gestão.
Com essa decisão, o governo não apenas encerra sua trajetória com um sabor amargo, mas deixa um rastro de mágoas e promessas não cumpridas. Fica a lição de que nenhum governo se sustenta apenas com laços de sangue ou alianças familiares; é a força da coletividade e da confiança mútua que determina a perenidade de um legado político.
Infelizmente, para muitos que deram tudo por este governo, a decepção fala mais alto que o orgulho de terem contribuído para o projeto.