A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje, em Araraquara, Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato. A deputada Carla Zambelli (PL) é alvo de busca e apreensão. A corporação cumpre determinação assinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Moraes determinou que a PF recolha armas, computadores, tablets e o passaporte de Carla Zambelli em todos os endereços relacionados à deputada. Na decisão, o ministro do STF pede averiguar se há cômodos secretos nos locais.
A Polícia Federal investiga a atuação de Zambelli e Delgatti na invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão).
A operação é chamada de 3FA devido à "autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados", segundo a PF.
Nesta manhã, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino confirmou a operação da PF.
"Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições", escreveu Dino.
Prisão de Delgatti
Está será a terceira prisão de Walter Delgatti. Ele foi preso pela primeira vez em 2019, pela Operação Spoofing em que a PF buscava uma "organização criminosa que praticava crimes cibernéticos".
Em 2020, ele passou a responder em liberdade pela invasão, precisando utilizar tornozeleira eletrônica e proibido de usar a internet.
Neste ano, em junho, ele foi preso novamente sob a acusação de sair de Campinas, cidade do interior de São Paulo, sem autorização da Justiça. Era necessária uma autorização prévia para deixar a cidade, por ser uma das medidas cautelares impostas quando ele foi preso em 2019.
Ainda, ele afirmou à PF que cuidava das redes sociais e do site de Zambelli, descumprindo a condição imposta para a liberdade provisória. Dias depois, ele foi solto e voltou a utilizar a tornozeleira eletrônica.
Relação com Zambelli
Delgatti já confessou que Zambelli o financiava para fazer diversas irregularidades, incluindo tentativas de invasão das urnas eletrônicas, celulares de ministros do STF, além dos sistemas do TSE e CNJ.
Ele resolveu contar tudo à PF com medo de sofrer represálias e até mesmo ser morto por "queima de arquivo" , de acordo com o jornalista Octaviano Guedes, da GloboNews.
Mandado de prisão falso contra Moraes
Delgatti e Zambelli conseguiram invadir os sistemas do CNJ e BNMP usando credenciais falsas obtidas de forma ilícita entre 4 e 6 de janeiro de 2023.
Foi inserido um mandado de prisão falso contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que dizia: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L".
Também foram inseridos 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos nos sistemas do CNJ e de outros tribunais do Brasil.