Política

Nomeação da filha do vereador Ubaldo Suzart na Prefeitura de Eunápolis levanta questionamentos

Bruna Suzart Leite foi nomeada como Diretora Especial Administrativa Hospitalar (CC4) na Prefeitura Municipal de Eunápolis, com salário que pode chegar a R$ 7.000,00.

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Bruna Suzart Leite ao lado do pai, vereador Ubaldo Suzart - Foto: Redes Sociais

A recente nomeação de Bruna Suzart Leite, filha do vereador Ubaldo Suzart (PSD), como Diretora Especial Administrativa Hospitalar (CC4) na Prefeitura Municipal de Eunápolis, com um salário de R$ 3500,00 — que pode chegar a R$ 7000,00 — tem gerado polêmica e revelado um histórico preocupante de decisões administrativas que colocam em xeque a ética da gestão pública.

Nomeação de Bruna Suzart Leite ao cargo de Diretor Especial Administrativo Hospitalar, pela Prefeitura Municipal de Eunápolis - Imagem: Diádio Oficial da PME

Bruna, que até o início desse mês exercia o cargo de Assessora Administrativa no Núcleo Territorial de Educação - NTE-27, ligado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, assumiu o novo posto na Prefeitura de Eunápolis antes mesmo que sua exoneração fosse publicada no Diário Oficial do Governo do Estado. Segundo fontes, ela se despediu dos antigos colegas de trabalho na segunda semana de janeiro, e desde então não apareceu mais.

Nomeação de Bruna Suzart Leite ao cargo de Assessor Administrativo pelo Governo Estadual da Bahia - Imagem: Diário Oficial do Estado da Bahia

A ocupação do cargo no NTE-27 por Bruna também está envolta em controvérsias. Sua nomeação no dia 04 de outubro de 2023 — conforme mostra imagem acima — só foi possível devido à demissão arbitrária de uma servidora que estava grávida de quatro meses, com mais de 11 anos de experiência na função e com formação na área de Educação. Sua exoneração do cargo ignorou completamente a estabilidade provisória garantida por lei às gestantes.

Vale ressaltar que, em 5 de outubro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade que mulheres grávidas têm direito à estabilidade provisória e licença-maternidade mesmo em cargos comissionados ou temporários na administração pública. No entanto, a gestante demitida não teve qualquer amparo jurídico ou consideração por parte das autoridades responsáveis.

Arte: Gira BA

Ouvida por nossa reportagem, a ex-servidora conta que a exoneração teria ocorrido a pedido da deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD), que possui estreitos laços de amizade com a família Suzart. Ela relatou ter buscado, na época, contato com a deputada Cláudia, seu esposo e atual prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD), e com a filha do casal, Larissa Oliveira, para apelar à sensibilidade diante de sua condição. Apesar disso, não houve qualquer ação para reverter a decisão ou garantir o cumprimento dos seus direitos legais.

Bruna Suzart Leite ao lado da deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) e do prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD) - Foto: Reprodução

Falta de qualificação e histórico de irregularidades

A escolha de Bruna para ocupar cargos na administração pública também levanta dúvidas sobre critérios técnicos e meritocracia. Cursou Direito na Unesulbahia - Faculdades Integradas e não possui formação na área de Educação, setor ao qual estava vinculada no NTE-27, tampouco na área da Saúde, onde agora exercerá o cargo de Diretora Especial Administrativa Hospitalar.

Além disso, o histórico profissional de Bruna inclui um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) aberto em 2022 pela Prefeitura Municipal de Eunápolis, durante a gestão da ex-prefeita Cordélia Torres, por abandono de posto de trabalho. A denúncia indicava que Bruna se encontrava em local incerto e não sabido pela administração. Uma acusação séria que questiona sua dedicação ao serviço público.

Processo Administrativo Disciplinar aberto contra Bruna Suzart Leite, pela Prefeitura Municipal de Eunápolis - Imagem: Diário Oficial da PME

Nepotismo e ética em questão

A nomeação de Bruna por Robério Oliveira reacende o debate sobre nepotismo e práticas de apadrinhamento político na administração pública. A gestão do prefeito e o envolvimento de sua esposa, a deputada Cláudia Oliveira no caso estão sendo amplamente criticados por lideranças locais e pela população.

As denúncias reforçam a necessidade de maior transparência e rigor na nomeação de cargos públicos, especialmente em um cenário onde o interesse público deve prevalecer sobre relações pessoais e políticas.

A Prefeitura de Eunápolis foi procurada, mas até o fechamento desta matéria não se manifestou sobre as denúncias.

Quadro com os códigos e valores salariais da Prefeitura de Eunápolis

Imagem: Diário Oficial da PME

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